Domingo, 10 de Agosto de 2025
Um novo protocolo para o controle da doença de Chagas está em testes em uma das regiões com a maior prevalência da enfermidade: o Sertão do Pajeú, em Pernambuco. A principal estratégia é a descentralização do tratamento, para que ele possa ser feito na cidade em que o paciente reside. Atualmente, é necessário deslocamento para unidades de saúde especializadas, como a Casa de Chagas, no Recife, que ainda concentra a maioria dos atendimentos no estado.
Um dos grandes desafios é o diagnóstico, já que a doença de Chagas não causa sintomas específicos logo após a infecção. A infecção costuma se tornar crônica de forma silenciosa, desenvolvendo complicações, principalmente no coração, o que provoca a morte de cerca de 4,5 mil pessoas no Brasil por ano, segundo o Ministério da Saúde. Quando a doença é descoberta mais cedo, o paciente pode ser tratado com medicamentos, evitando complicações.
De acordo com a Organização Panamericana da Saúde (Opas), menos de 10% das pessoas com doença de Chagas nas Américas são diagnosticadas, e menos de 1% das que têm a doença recebem tratamento antiparasitário. Como consequência, a maioria dos pacientes só descobre que tem a doença em estágios avançados. Por isso, o projeto-piloto em Pernambuco foi nomeado 'Quem tem Chagas, tem pressa'.
Na primeira etapa, profissionais de saúde, estudantes da área e moradores das cidades pernambucanas de Triunfo e Serra Talhada participaram de atividades de formação sobre a doença. Já na segunda fase, no final de julho, cerca de 1 mil pessoas nos dois municípios foram submetidas a testes rápidos que comprovaram a seriedade do problema na região: 9% dos moradores testaram positivo para a doença. De acordo com o médico da Casa de Chagas, Wilson Oliveira, responsável pelo projeto, a média de positividade dos testes no país varia de 2% a 5%.