Sábado, 09 de Agosto de 2025
Cirurgias eletivas de alta complexidade, atendidas exclusivamente pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) no Sistema Único de Saúde (SUS), estão sendo adiadas. O motivo é o redirecionamento dos recursos da unidade para atender vítimas de acidentes envolvendo motocicletas, como colisões, atropelamentos e quedas.
Em 2024, 1.450 dessas cirurgias não foram realizadas devido a transferências de emergência. Um em cada cinco pacientes transferidos havia sofrido uma lesão grave em uma moto.
Segundo o Into, quando uma cirurgia de emergência com trauma ortopédico chega à unidade, cinco pacientes que aguardavam na fila deixam de ser atendidos conforme o programado. O Into é apenas um dos pontos do SUS em que o impacto das lesões no trânsito de motociclistas tem causado preocupação.
Entre 2010 e 2023, 1,4 milhão de motociclistas foram internados após incidentes nas ruas brasileiras, correspondendo a 57,2% de todas as internações associadas a lesões de trânsito no país. As internações de motociclistas exigiram um gasto de mais de R$ 2 bilhões, ou 55,2% de tudo o que foi investido em gastos hospitalares de vítimas de trânsito.
Dados preliminares do Viva Inquérito 2024, realizado pelo Ministério da Saúde, indicam que 20,8% dos acidentados que chegavam a serviços de pronto atendimento eram trabalhadores de aplicativos. A situação é mais grave em São Paulo e Belo Horizonte, onde o percentual chega a 31%.